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Entenda a China comigo

Foto do escritor: Roberto Ferreira JuniorRoberto Ferreira Junior

Atualizado: 10 de fev. de 2024

Não é necessário apreciar a China e os chineses, mas se deve compreendê-los.


Exceto aqueles que têm alguma empatia pelos chineses, a grande maioria das pessoas - e notícias - se refere a eles como invasores e com preconceito descartável.


Fazendo um contraponto a isso, tentarei mostrar minha perspectiva sobre o país, que me acolheu quando eu tinha 21 anos e tem meu apreço. Além disso, nas relações internacionais e, portanto, nos negócios internacionais, acho essencial que aprofundemos sobre os países com os quais devemos lidar.


Em mandarim, China se escreve 中国 (zhong - meio; guo - império, país), ou Império do Meio, em português. A própria palavra, por si só, já demonstra o sentimento dos chineses quanto ao seu papel no mundo desde muito antigamente. Há mapas globais chineses que posicionam a China no centro do planeta, não à direita como fomos educados.


Durante muitos milênios, o comércio com os chineses foi muito valorizado e eles têm a percepção da sua importância no mundo. A China via os produtos trocados com ela não como uma operação de compra e venda, mas sim como "tributos" pagos pelos estrangeiros pelo fato de o país ser tão superior.


Na época imperial, havia um sentimento de que a China era um mundo em si mesmo e uma fonte de abastecimento e conhecimento para quem a procurasse. Via-se autossuficiente.


Até a Revolução Industrial, na Europa, por volta de 1760, por exemplo, a China já se destacava. Por milênios, teve a economia mais produtiva do planeta. Para se ter uma ideia, nos 17 ou 18 dos últimos 20 séculos, o país foi responsável pela maior parcela do PIB mundial total, ultrapassando a Europa e os Estados Unidos juntos.


Para se ter uma referência mais clara, Roma estava a 1.000 anos de surgir quando a China já era procurada para fornecimento de produtos e via o seu papel no mundo com base em um "Mandato Celestial". Outro fato curioso é que não se sabe quando a civilização chinesa teve origem, não há qualquer vestígio na história. Li certa vez que os chineses parecem ter vivido sempre no mesmo estágio de progresso que presenciamos hoje.


A China, talvez, seja um dos únicos países que conseguem manter algumas tradições tão antigas em pensamento e comportamento. Ao contrário dos americanos, os chineses nunca tiveram a ideia de universalizar sua cultura e exportar seus valores para o mundo. É um país singular.


A visão de que os chineses são invasores contradiz a própria história. Durante muitos anos, como mostrei, a China não quis fazer comércio ninguém. Foi forçada pelos ingleses a abrir seus portos para eles e, posteriormente, foi engolida pela globalização. O comércio internacional e a noção de diplomacia que conhecemos, foram uma ambição ocidental e hoje é meio de sobrevivência e desenvolvimento de qualquer nação, inclusive a chinesa.


Os chineses cultivaram a noção do "Mandato Celestial", se prepararam e se qualificaram para serem a fonte do planeta. Onde há demanda, há oportunidade de fornecimento. Faríamos a mesma coisa que eles se pudéssemos.


O mundo é um condomínio agora e a China é aquela padaria logo a frente da portaria, e não há nada de errado nisso.



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